Ambos estavam deitados na cama, de olhos fechados, mas sem
dormir. George se concentrava na respiração de Peter, Peter se concentrava na
letargia que dominava seu corpo após o ato. Eles não precisavam trocar
palavras, embora eventualmente acontecesse. Além da sensação de que algo
maravilhoso havia acabado de acontecer, ambos partilhavam, mesmo que não
pudessem ver ou saber, uma sugestão de sorriso nos lábios e a sensação de que
estavam vivos.
O primeiro a tomar uma atitude foi Peter, como era de
costume. Rolou preguiçosamente sobre George, acomodando seu corpo sobre o do
parceiro. Era algo que gostava de fazer. George raramente se movia quando isso
acontecia, então o mais novo se sentia livre para observá-lo. Os cabelos negros
e encaracolados de George estavam bagunçados, a pele ainda estava quente e suada. Algumas
manchas vermelhas marcavam a pele alva do rapaz, e ele exalava o cheiro do
pecado. Cheiro esse que não se tratava apenas de sexo. Não. Era o odor natural
da pele de George, misturado ao odor de Peter. O suor dos dois criava essa
combinação perversa e tentadora. Atrativa. Doce e Perigosa. Um odor que
pertencia a eles, e só a eles. Um odor que jamais encontrariam com outras
pessoas.
Sem que percebesse, seus dedos tocaram a face avermelhada de
George, e isso fez com que ele abrisse os olhos. Mais uma vez não precisaram
trocar palavras. Esse era o momento de observar e ser observado. De trocar
promessas e carinho apenas pelo olhar. Era o
momento de perceber que se amavam, e que não gostariam ou sequer sabiam se
suportariam viver sem o outro. Era o momento deles.
“O que aconteceria se você descobrisse que eu arranjei
outro?” A voz de Peter soou rouca e arrastada, quase séria. “O que você faria
se isso acontecesse?”
George franziu o cenho e seus lábios se crisparam, mostrando
que estava claramente desconfortável com a pergunta. Apenas o pensamento de que
algo assim poderia acontecer, fazia seu corpo retesar e a mente criar centenas
de imagens que não gostaria de ver. No fundo não passava de ciúme infundado.
Sabendo disso, respirou fundo e concentrou-se apenas em sua resposta. A
resposta que sempre dava.
“Eu te reconquistaria de novo. Faria isso quantas vezes
fossem necessárias. Na pior das hipóteses, te seqüestraria pra mim. Por que
sempre me pergunta a mesma coisa? Eu posso começar a pensar que você está
realmente cogitando me trocar por outro.”
Peter o ignorou por um tempo, fitando longamente aqueles
olhos da cor da avelã. Procurou impacientemente por algo até encontrar o que
queria, e só então sorriu.
“Não seja estúpido!” Ele riu e selou seus lábios nos dele. “Eu
te faço a mesma pergunta porque dependendo da resposta, ou do que eu encontrar
no seu olhar, saberei exatamente a hora de ir embora.”
E com isso ele levantou da cama, seguindo para o banheiro e
deixando um George levemente atordoado para trás.
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